Resumo
O
minicurso tratará dos desafios e possibilidades das relações - ora
conflituosas, ora harmoniosas - entre professores, graduandos e técnicos do
ensino superior, na condição de imigrantes, em Instituição Federal de Educação
Superior (IFES), com processo de macro-interiorização recente. Oportunidade em
que relatarei, também, minha experiência como psicólogo da Universidade Federal
do Maranhão (UFMA), na qual escuto queixas e crises de docentes, discentes e
técnico-administrativos na região sul do Maranhão, no município de Imperatriz,
com experiências nas zonas rurais como nas cidades de Grajaú, Buriticupu,
aldeias indígenas, quilombos e áreas campesinas. Contribuo, ainda, com
reflexões críticas sobre o tema, como profissional também imigrante, já há
quatro anos nesta instituição. Observa-se que, se por um lado foi positiva a
ampliação dos investimentos públicos na rede federal de educação superior (o
REUNI), por outro, o desafio de interiorizar a educação superior pública
enfrenta diversos obstáculos. Dentre esses obstáculos destacam-se: a)
dificuldade de fixação de docentes; b) problemas na implantação de
infraestrutura; c) condições precárias de funcionamento; d) modelos de gestão
inadequados; e) cobertura territorial limitada; f) regimes curriculares convencionais;
g) implantação do Projeto Político-Pedagógico sem a participação real da
comunidade local, em que pese as propagandas de educação inclusiva!? O objetivo
será analisar e compreender estes dilemas, contradições, desafios,
possibilidades e os silêncios das subjetividades emergentes das relações entre
os atores acadêmico-imigrantes de diferentes regiões que compõem a comunidade
acadêmica em estudo. Com outras palavras, entender os choques culturais
observáveis do ponto de vista da escuta psicológica educacional. Como
metodologia, serão expostas e analisadas escutas (anônimas) as quais realizei e
registrei e destacam-se: a) situação econômica, ou material, precária para
desenvolvimento da vida acadêmica, b) tristeza pela distância da família, pais
e cuidadores, c) relações coflituosas com professores, d) dificuldade de
adaptação à vida acadêmica e e) problemas de dedicação acadêmica relacionadas
com situações amorosas, namorada-namorado, esposa-marido, mãe-filho/a, dentre
outros. Foram observados que muito dos conflitos descritos estão relacionados
com os aspectos de imigração, interculturalidade e novos valores locais em
choque com os do lugar de origem, ou seja, aspectos psicológicos em diálogos
cultural-migracionais, foco do minicurso. O referencial teórico envolve autores
da Educação como Anísio Teixeira (1963/2005a,b), Alain Coulon (2007), Paulo
Freire (2005), Edgar Morin (2010), Roseli Sá (2010), Boaventura de Sousa Santos
(2007), Milton Santos (2002), dentre outros. Como referencial psicológico maior
eu me oriento pela psicologia analítica de Jung e pela psicologia
intercultural, como em Cabecinhas (2008), Cunha (2008) e Dantas (2012). Autores
da antropologia do imaginário e da mitohermenêutica como Gaston Bachelard,
Gilbert Durand, Marcos Ferreira-Santos (2008), dentre outros, também
influenciam meu pensamento quanto à visão de homem-mundo e à proposta
metodológica de intervenção psicológica, poética e política, que desenho,
milito e pratico.
PALAVRAS-CHAVE: Interiorização,
Sensibilidade Intercultural, Subjetividades Emergentes
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